Protestos raros contra o Hamas eclodem em Gaza, depois que os ataques das IDF enfraquecem a liderança do grupo
Protestos contra o governo do Hamas eclodiram em pelo menos três bairros da Faixa de Gaza na terça-feira, marcando uma rara demonstração de dissidência pública contra a organização terrorista.
Foram registradas manifestações em Jabaliya, Beit Lahiya e até mesmo em Khan Younis - um antigo centro do terror. Durante a passeata em Beit Lahiya, os manifestantes carregaram bandeiras brancas e seguraram cartazes com críticas ao Hamas.
Em um vídeo compartilhado nas mídias sociais, pode-se ouvir as pessoas pedindo a libertação dos reféns Israelenses.
Os protestos ocorreram em frente ao Hospital Indonésio em Beit Lahiya, localizado no norte da Faixa de Gaza.
Após a extensa cobertura da Al Jazeera das cerimônias de libertação dos reféns e de suas reportagens consistentemente positivas sobre o Hamas durante a guerra, vários manifestantes questionaram por que a agência de notícias do Qatar estava ausente e não cobria a manifestação anti-Hamas
“As pessoas estão exigindo que a imprensa cubra esses eventos!”, disse um participante. “As pessoas estão exigindo liberdade, estão exigindo o fim das hostilidades contra Gaza, estão exigindo paz e o fim dessa guerra.”
Outro manifestante disse que jornalistas da mídia Árabe haviam entrado no Hospital Indonésio para evitar a cobertura da marcha.
Em outro vídeo que mostra centenas de manifestantes marchando, o cinegrafista pode ser ouvido dizendo em Árabe: "Grandes multidões estão protestando agora contra o governo do Hamas. A situação em Gaza é catastrófica. As pessoas aqui estão pedindo a libertação dos prisioneiros para que possamos continuar vivos”.
Aparentemente, ele estava se referindo aos reféns Israelenses, aos quais o Hamas tem se referido continuamente como “prisioneiros”.
Mais tarde, na noite de terça-feira, outros vídeos surgiram nas mídias sociais mostrando protestos menores ocorrendo em outras partes da Faixa de Gaza.
Embora seja difícil determinar o tamanho exato das multidões, uma conta pró-Palestina e anti-Hamas no 𝕏 comparou o comparecimento às cerimônias de entrega de reféns, sugerindo que ainda mais pessoas participaram dos protestos.
A mesma conta 𝕏 também compartilhou duas imagens, supostamente de líderes de clãs nas partes norte e sul da Faixa de Gaza, expressando apoio aos protestos e denunciando o Hamas.
Na noite de terça-feira, membros armados do Hamas chegaram para dispersar as multidões; no entanto, imagens mostraram alguns dos manifestantes atirando pedras contra eles.
Embora a causa exata dos protestos não esteja clara - assim como o verdadeiro nível de apoio público a eles - parece que as recentes tentativas de Israel de atingir a liderança e os bens do Hamas nos últimos dias, encorajaram pelo menos alguns residentes de Gaza a se posicionar.
Várias vezes durante a guerra, e até mesmo antes de 7 de outubro de 2023, houve protestos esparsos contra o Hamas; no entanto, o grupo terrorista normalmente respondia de forma rápida e brutal para suprimi-los.
O próprio Hamas parece ter se surpreendido com os protestos, que ocorreram apenas um dia depois que o grupo terrorista divulgou uma convocação para protestos e marchas em todo o mundo em solidariedade à “resistência”.
Em publicações nas redes sociais, a organização tentou minimizar os protestos, referindo-se a algumas declarações feitas por líderes locais como “falsas”.
A Al Jazeera, que tem uma política de longa data de evitar críticas ao Hamas, tentou retratar os protestos como manifestações de apoio ao Hamas e se concentrou apenas nos pedidos pelo fim da guerra.
Também não está claro qual foi o envolvimento, se é que houve algum, da Autoridade Palestina nos protestos ou se as marchas foram organizadas localmente. Em uma carta, alegando ser dos líderes do clã (mukhtars) de Shejaya, havia uma convocação para realizar protestos adicionais na quarta-feira ao meio-dia.
O correspondente de assuntos árabes da Kan News, Roee Kais, compartilhou uma declaração de um dos mukhtars de Beit Lahiya, que disse que o povo de Gaza não quer mais armas ou guerra.
“Dizemos aos nossos irmãos do Hamas, chega, chega, chega, isso é injustiça, a cada dois ou três anos um problema é imposto a nós e o mundo inteiro se volta contra nós”, disse Hisham al-Barawi, chefe do clã al-Barawi.
“Não estamos satisfeitos com esse governo do Hamas, não somos contra o Hamas, mas é impossível viver sob o governo do Hamas.”
Al-Bawari disse que os Palestinos em Gaza querem se livrar de suas armas e se render.
"É proibido possuir armas, precisamos agitar bandeiras brancas para o mundo e dizer ao mundo: apoiem o povo Palestino, estamos interessados em viver em paz e não com armas. Não estamos interessados em armas e não estamos interessados em viver na resistência, queremos agitar bandeiras brancas para o mundo inteiro.”