Yarden Bibas com sua irmã em um helicóptero militar voltando para casa depois de ser libertado do cativeiro do Hamas (Foto: Maayan Toaf/GPO)
Os primeiros relatos dos três reféns que retornaram a Israel ontem - Keith Siegel, Ofer Calderon e Yarden Bibas - indicam que eles foram maltratados e abusados pelo Hamas durante seu cativeiro.
Todos os três disseram que foram transferidos com frequência, não receberam quantidades suficientes de alimentos e foram maltratados por seus captores. Calderon e Bibas disseram que, nos primeiros dias de seu cativeiro em Gaza, foram mantidos juntos em Khan Younis. Eles descreveram que foram espancados, trancados em gaiolas e sofreram abusos físicos e mentais por muitos dias.
Assim como Siegel, Calderon e Bibas foram transferidos com frequência, passando parte do tempo em casas acima do solo e outras vezes sendo mantidos em túneis do Hamas sob Gaza.
De acordo com o jornal da Arábia Saudita Ashram al-Awsat, quando o Hamas decidia transferir os reféns, eles os vestiam como mulheres Árabes para evitar chamar a atenção.
Bibas foi sequestrado separadamente de sua esposa, Shiri, e dos filhos Ariel e Kfir. Quando seu Kibutz Nir Oz foi atacado, Yarden saiu com vários homens para ajudar a defender a comunidade e não estava em casa quando os terroristas entraram na residência e sequestraram Shiri e os meninos para Gaza.
Nili Margarit, uma das mulheres que retornou durante a primeira libertação de reféns em novembro de 2023, disse que estava com Yarden no momento em que ele foi informado de que Shiri e os meninos haviam sido mortos em um ataque aéreo Israelense.
Israel não verificou a alegação do Hamas de que a esposa e os filhos de Bibas foram mortos, mas as Forças de Defesa de Israel (IDF) expressaram “grave preocupação” com o destino deles, exigindo que o Hamas apresente provas claras de sua situação.
Após seu retorno a Israel no sábado, a emissora pública Kan 11 informou que o Hamas abusou psicologicamente de Yarden, falando frequentemente com ele sobre sua esposa e filhos. Em um determinado momento, o Hamas forçou Bibas a gravar um vídeo imediatamente após lhe dizer que sua família havia sido morta. O vídeo não foi exibido pela mídia Israelense, pois acreditava-se que se tratava de propaganda, destinada a aumentar a pressão sobre o governo Israelense.
Durante o cativeiro, Bibas, juntamente com Calderon, aprendeu árabe com seus captores e assistindo às transmissões da Al Jazeera, às quais eram obrigados a assistir.
A difícil situação psicológica de Bibas pôde ser vista no vídeo de sua libertação. Ao contrário de vários outros reféns libertados, que conseguiram sorrir ao serem apresentados à Cruz Vermelha para transferência, Bibas parecia preocupado. Seu primeiro sorriso registrado só veio depois de encontrar seus parentes ao retornar ao território Israelense.
Os parentes de Bibas expressaram a difícil situação que ele enfrenta apesar de sua libertação, dizendo: “Yarden está em casa. Um quarto de nosso coração retornou após 15 longos meses. Não há palavras para descrever o alívio de segurá-lo novamente, de ouvir sua voz. Mas o lar está incompleto. Yarden é um pai que deixou seu abrigo para proteger sua família, sobreviveu ao cativeiro com imensa bravura e agora retornou a uma realidade insuportável.”
Embora a família tenha agradecido a todos que fizeram campanha pela libertação da família Bibas, eles pediram à mídia e ao público que respeitassem a necessidade de privacidade de Yarden durante esse período difícil.
“Por favor, dê a ele o espaço de que precisa para que seu corpo e sua alma comecem a se curar”, disse a família em uma declaração do hospital após sua chegada.
“Obrigado ao nosso incrível povo, aos nossos soldados e àqueles que sacrificaram suas vidas para tornar esse dia possível. Vamos levar algum tempo para nos reunirmos com Yarden, mas nossa luta continua. Shiri, Ariel e Kfir precisam voltar para casa, junto com todos os reféns. Por favor, ampliem suas vozes, agora mais do que nunca. Por Yarden, por todos eles - não vamos parar até que estejam em casa.”
Embora o Hamas tenha mentido anteriormente sobre a situação dos reféns, inclusive afirmando que a observadora da IDF Daniella Gilboa havia sido morta antes de libertá-la viva na semana passada, o governo e o porta-voz militar não indicaram se Shiri e os meninos ainda poderiam estar vivos.
Falando à Ynet no início desta semana, a irmã de Yarden, Ofri Bibas-Levi, disse que a família estava se preparando para mais incertezas.
“Não estamos nos preparando - no máximo, estamos pensando praticamente na logística. Mas não há um lar para onde voltar. Uma fase termina, outra começa, cheia de incógnitas. Isso é aterrorizante”, disse ela.
